Saber Viver...
Se algum filósofo se atrevesse a escrever um “Manual para a Felicidade
na Existência Humana” ele seria composto apenas pela assertiva “a
Vida é muito curta para ser pequena”, de autoria do filósofo Mário Sérgio
Cortella.
Isto porque a existência humana é tão insignificante diante das areias
do tempo que se torna impossível aceitar perder um segundo sequer com
realizações e fatos de pouca significância, sendo imprescindível à própria
sobrevivência ocupar-se, tão-somente, com aqueles acontecimentos e atos que
edificam nossas almas.
Contudo é da natureza humana gastar dias e noites a raciocinar sobre
assuntos de tão pouca importância e relevância que jamais deveriam ser sequer
considerados e esquecer de observar, por exemplo, o maravilhoso presente que a
natureza entrega com o espetáculo do raiar do dia ou de se deleitar todas as
noites com o pôr do Sol.
É comum tratar todos os entraves da vida como tragédias, quando,
normalmente, não passam de contratempos ou percalços. Afinal, só quem enfrentou
verdadeira tragédia, aprendeu com a experiência a diferenciar.
Contratempos ocorrem todos os dias e com todas as pessoas, em maior ou
menor proporção e não necessitam de maior dispêndio de energia para sua
resolução. A energia elétrica que faltou, o canal de TV que “saiu do ar”, o
ônibus que atrasou ou qualquer outro evento do tipo que simplesmente se resolve
“sozinho”.
Percalços muitas vezes são consequências de alguns contratempos e
necessitam apenas de alguma flexibilidade para sua solução. O despertador que
não tocou pela manhã e provocou atraso pode ser facilmente “tratado” com uma
ligação para o trabalho, compensação das horas e a aquisição de um novo relógio
para evitar a repetição do ocorrido.
Tragédias, entretanto, ocorrem pouquíssimas vezes durante toda a vida e
exigem muito esforço para sua resolução. Há casos, inclusive, como a perda de
entes queridos, que admitem apenas uma atitude, qual seja, a aceitação, eis que
inevitável e incontornável o advento da morte.
E, ainda diante desses momentos de dificuldade e de dor, cumpre observar
que de nada adianta lamentar ou prorrogar o sofrimento, mas sim buscar com
todas as forças solver o problema ou tratar a dor da perda em nossos corações
da forma mais rápida e eficiente e seguir adiante a fim de que não se perca
sequer um segundo além do necessário nesta difícil tarefa.
A felicidade, portanto, está menos nos fatos e nas pessoas que nos
cercam e mais na forma como cada indivíduo vivencia e valoriza cada experiência
em sua vida. Sendo assim, e observado que é dado ao ser humano um tempo finito
para viver, ser feliz é apenas uma opção entre irritar-se e perder o sono pelo
“volume alto da música do vizinho” ou decidir bater à porta do apartamento ao
lado e juntar-se à festa, comemorando cada segundo desta breve existência.
Autor: Rubens Rau